Pulseira de comunicação alternativa: aprenda a fazer
Uma vez que nem toda pessoa com autismo apresenta desenvoltura na hora de falar ou gesticular, adotar uma comunicação alternativa para se relacionar com ela pode ser um caminho bem interessante.
Muitas pessoas que trabalham ou convivem em casa com pessoas com Transtorno do Espectro Autista conhecem a comunicação alternativa. Geralmente, ela é composta de pequenas cartas, imagens e letras que formam expressões faciais e verbos comuns de ação usados no dia a dia.
Ao unir os verbos e as carinhas, crianças, jovens e adultos com TEA conseguem expor com mais clareza as suas necessidades, desejos e sentimentos para as demais pessoas, criando um canal de comunicação mais simples e eficaz.
Benefícios da pulseira de comunicação alternativa
Eu, como professor de Educação Física, preciso estar sempre atento às respostas que meus alunos com TEA me dão em cada atividade. Esta comunicação alternativa é, sem dúvida, uma grande facilitadora, especialmente com crianças e jovens que não consegue vocalizar o que sentem.
A fonoaudióloga Danielle Mialich Rodrigues (CRFa 2-13720), especialista em psicopedagogia, defende as pulseiras alternativas e esclarece que elas não inibem a linguagem oral. “Se a criança tem a necessidade de se comunicar através deste recurso é porque existe dificuldade no processo de linguagem que prejudique a fala.”
Danielle conta que, normalmente, as crianças que fazem uso da pulseira já utilizam esta comunicação alternativa, como a pasta, o iPad ou o tablet. Logo, já sabem como fazer uso deste recurso no dia a dia.
Outro ponto importante comentado pela fonoaudióloga é que as pulseiras geralmente são usadas para atividades dinâmicas. Isso porque levar a pasta ou o iPad para algumas situações é complexo e dificulta a movimentação da criança. Por isso, a pulseira de comunicação alternativa acaba sendo um facilitador nestes momentos.
Como criar uma pulseira de comunicação alternativa?
Não há um padrão na hora de montar esta pulseira de comunicação alternativa. A composição de verbos e expressões faciais vai depender do grau de dificuldade de expressão que a pessoa com TEA possui.
Danielle explica que são usadas na pulseira as palavras que têm relação com o contexto. A criança que não fala, por exemplo, tem na pulseira as frases “Oi, meu nome é Fulano” e “Eu tenho x anos”, para viabilizar a comunicação com outras crianças e adultos.
“Em um contexto de aniversário, os cards podem trazer as seguintes informações: ‘Quero suco’, ‘Estou com sede’, ‘Quero bolo’. Para um passeio no parque, uma aula de culinária, de futebol ou de natação as pulseiras são adaptadas com palavras-alvo ideais para cada situação.”
Aqui no artigo eu cito a pulseira, pois os cards que podem ser colocados no pulso, de maneira que fique mais prático para a pessoa com autismo interagir. No entanto, nada impede que ela carregue um chaveiro – inclusive a fonoaudióloga já fez um destes para um paciente – para que a criança possa se fazer entender em qualquer lugar e tenha mais qualidade de vida e independência.
Existem vários modelos de pulseira de comunicação alternativa: há quem utilize os famosos emojis para representar as expressões faciais e há quem crie cards com desenhos e palavras simples. Por exemplo: um desenho de um copo d’água e abaixo a expressão beber.
O segredo é tornar esta comunicação alternativa lúdica para que todas as pessoas, com e sem diagnóstico de TEA, possam se beneficiar e se comunicar de forma inteligente e fácil.
“O cuidado na hora de selecionar os cards, principalmente se for utilizar emojis, é evitar aqueles que tragam significados dúbios, ou seja, que sejam de difícil entendimento”. Então vale utilizar imagens acompanhadas de palavras para esclarecer o significado”.
E completa: “Podem ser retiradas imagens da internet, mas também existem as imagens PECS e o ARASAAC.”
LEIA MAIS: Autismo e comunicação não verbal, o que fazer?
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