Espaço Paula Calado: escola no Recife promove lazer e educação para autistas

Eu gosto muito de falar aqui no blog sobre locais que abrem suas portas para estimular crianças, jovens e adultos com autismo. E, hoje, vou falar pra vocês de um projeto muito bacana, o Espaço Paula Calado, que fica no Recife, em Pernambuco.

O local foi inaugurado em julho de 2014 por um grupo formado por psicopedagoga clínica, pedagoga, professor de música, psicomotricista, professor de capoeira, engenheiro de software, cuidadores, instrutor de cozinha e fonoaudióloga. O objetivo é desenvolver projetos educativos e de lazer de acordo com as necessidades do aluno com autismo.

Para mostrar para vocês como eles atuam no dia a dia, eu conversei com o Leandro Araújo, diretor administrativo do Espaço Paula Calado.

Ele me contou que cada aluno que ingressa no projeto tem um programa elaborado individualmente para ele, que vai depender das necessidades e interesses dos pais.

Há turnos pela manhã, à tarde e período integral. “Geralmente, o currículo educacional para as crianças autistas contempla estimulação cognitiva, linguagem, comportamento e atividades físicas”, explicou Leandro.

Estímulo cultural para crianças, adolescentes e adultos

A ideia de criar o Espaço Paula Calado veio de Ana Paula Calado, esposa de Leandro, durante uma especialização (pós-graduação em Educação Especial) que ela cursava.

“Ana já fazia atendimentos em consultório com crianças com algum tipo de necessidade especial. No entanto, percebia que adolescentes e jovens adultos não tinham essas mesmas oportunidades de estimulação, e a didática de consultório já não os atendiam”, contou Leandro.

Hoje, o projeto ocupa uma casa com cerca de 400 metros quadrados, que se divide em uma área com piscina, espaço para atividades motoras, local arborizado para contato com a natureza, ambientes para atendimentos cognitivos, laboratório de informática, sala de artes e música, cozinha adaptada para culinária e sala para atendimento com os pais.

Mas o processo educacional vai além. Leandro me explicou que no Espaço Paula Calado é oferecida também a aula-passeio, uma ação baseada na teoria do pedagogo Celestin Freinet (1896-1966), que dizia: “lugar de aprender não é apenas na escola”.

“Nós acreditamos nisso e, com base nessa afirmação, periodicamente promovemos aulas-passeios com objetivo de trabalhar com nossos alunos a ampliação da cultura, aprendizagem, vida prática e sociabilidade.”

Atendimento em todos os graus de autismo

No Espaço Paula Calado são atendidas pessoas com qualquer nível de autismo. “Não fazemos seleção de graus de dificuldades para aceitar o aluno, mas adaptamos nossos programas às necessidades de cada autista que nos procura”, reforça o diretor administrativo.

Eu, que trabalho diretamente com esse público, percebo que uma das maiores dúvidas dos pais é saber o momento certo de começar a estimulação. Percebi que na escola recifense, por exemplo, não há idade certa para entrada e nem para saída da pessoa com TEA. O que determina o primeiro passo é o tipo de programa de desenvolvimento que é alinhado entre o espaço e os pais do aluno.

Apesar de ser uma instituição privada, o Espaço Paula Calado não tem fins lucrativos. Logo, toda a renda adquirida é destinada para pagar os profissionais e manter a infraestrutura. “Quando sobra dinheiro, reinvestimos no projeto e mantemos um percentual de bolsas de 100% para famílias carentes. A cada cinco alunos pagantes abrimos uma nova vaga”, esclareceu Leandro.

Novos caminhos para entender o TEA

O nascimento de projetos como esse do Espaço Paula Calado prova o quanto as famílias estão buscando mais informações sobre o TEA e, consequentemente, tendo mais conhecimento sobre as estimulações adequadas para cada dificuldade que pode surgir.

Apesar dos avanços na busca de um melhor desenvolvimento, Leandro também lembra que ainda existe muitos pais que se limitam a estimular seus filhos apenas dentro de consultórios, deixando de valorizar as diversas áreas e habilidades que podem e devem ser exploradas nas crianças com autismo.

“Por isso, nosso principal objetivo é possibilitar a todos os alunos a ampliação e o domínio dos conhecimentos necessários para o seu desenvolvimento nas dimensões cognitiva, afetiva, social e física, por meio de práticas que valorizem as diferenças. Dessa forma, vamos capacitá-los para uma vida social mais produtiva e independente dentro de suas limitações”, finalizou Leandro.

Belo projeto, não é verdade?

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