Mergulho adaptado: como inserir pessoas com deficiência intelectual neste esporte?
Um projeto muito bacana está levando jovens com deficiência intelectual para conhecer as belezas do fundo do mar. A iniciativa recebeu o nome de Mergulho Adaptado.
A idealizadora do projeto é a professora de Educação Física Chrystianne Simões, doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento, oferecido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tive a oportunidade de bater um bom papo com ela, que me contou detalhes da iniciativa.
Chrystianne mergulha há mais de 10 anos e fez o curso Adaptive Techniques pela PADI, que permite ao profissional trabalhar com pessoas com diferentes tipos de deficiência. Como nunca tinha visto aulas de mergulho para pessoas com deficiência intelectual, encontrou aí uma oportunidade bacana de criar o projeto.
“Quando decidi fazer o doutorado, precisava apresentar uma ideia inusitada e inovadora. Como as aulas para a prática de mergulho possuem muitos exercícios respiratórios, decidi juntar essas técnicas com pessoas com deficiência intelectual e Síndrome de Down”, conta Christianne.
O início do projeto de mergulho
Com o apoio do curso de doutorado e da escola Scafo Mergulho ABC, foram selecionados 20 alunos da APAE de Barueri, com deficiência intelectual de leve a moderada e idade mínima de 10 anos, para participarem do projeto.
Essa espécie de “peneira” foi necessária, porque os participantes deveriam responder a um questionário e apresentar um determinado nível de compreensão para atender às ordens de comando nas atividades de mergulho.
Chrystianne conta que, nesta turma experimental do projeto, não havia pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). “Porém, depois do projeto finalizado atendi pessoas com experiências de mergulho em piscina na superfície, entre elas autistas e pessoas com paralisia cerebral que apresentavam comprometimentos severos e quadriplegia.”
Para quem não tem deficiência, as aulas de mergulho são ministradas em um final de semana. Já para esta turma especial o curso durou 14 aulas, entre teoria e prática, oferecidas gratuitamente.
As aulas de mergulho podem ser praticadas em qualquer lugar, mas o projeto acontece em Ilha Grande, no Rio de Janeiro. “Hospedamos os alunos na Pousada Nautilus, por ser acessível, assim como o Píer e o local escolhido para mergulho. O lugar é bem apropriado para eles”, comenta Chrystianne.
E quais os benefícios das aulas de mergulho para estes jovens?
Bem, Chrystianne explica que foram feitos testes diafragmáticos com espirometria, testes de oximetria e caminhadas de seis minutos três vezes durante seis meses. “Identificamos uma melhora mínima de 17% na capacidade respiratória e diafragmática”, aponta a professora de Educação Física.
É importante lembrar que a prática do mergulho, assim como outras atividades físicas, trabalha a interação social, uma característica essencial para a melhorar a convivência em família e com a sociedade.
Alunos devidamente certificados para a prática do mergulho!
Esta iniciativa tão bacana da Chrystianne teve como consequência um feito inédito no Brasil e, talvez para o mundo: 11 dos 20 alunos obtiveram uma certificação Scuba Divers, uma licença que permite a eles levarem adiante suas práticas de mergulho.
“Com essa certificação, os alunos com deficiência intelectual só podem praticar mergulho com dive masters (mergulhador que trabalha em parceria com o instrutor) ou instrutores e descer numa profundidade máxima de 12 metros”, explica Chrystianne.
Os pais que desejam inserir seus filhos na prática de mergulho adaptado devem procurar a escola Scafo Mergulho ABC, levando um exame médico para a prática do exercício e capacidade para realizar atividades debaixo d’água.
“Nós vamos fazer uma análise para sabermos se o jovem pode praticar mergulho para obter a certificação. Caso ele não tenha a possibilidade de adquirir a licença, receberá as instruções de como utilizar os equipamentos e um certificado de participação”, esclarece a idealizadora do projeto.
Muito legal este projeto da Crhystianne Simões! Eu, que trabalho aproximando o esporte de crianças com transtorno do espectro autista, sempre gosto de divulgar iniciativas que têm como foco a inclusão e o desenvolvimento motor e cognitivo de crianças, jovens e adultos.
Que venham mais projetos assim!
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Imagens: Arquivo Pessoal / Crhystianne Simões
Hermes Dagoberto
16/12/2020 em 10:31Olá, como vai ?
sua puplicação poderia colocar neste meu site:
Você acha que é possivel?
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link do site, ou copie e cole:
http://planosdesaudehdm.com.br
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Um grande abraço.
Tiago Toledo
03/01/2021 em 15:36Sim, seria possível