Ecolalia em crianças com autismo

Você já ouviu falar em ecolalia? É o ato de repetir palavras e frases do outro.

Essa característica é comum em crianças em processo de alfabetização e também naquelas que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Durante muito tempo, a ecolalia foi reprimida por especialistas e ignorada por pais e professores, mas após o tema autismo ganhar maior visibilidade e aprofundamento de estudos, a ecolalia passou a ser encarada como uma forma de a criança autista se comunicar e entender o mundo à sua volta.

Para falar sobre ecolalia, contamos com a colaboração de Lílian Kuhn, fonoaudióloga com especialização em Audiologia e Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, a quem agradecemos demais a disponibilidade.

Neste artigo, ela nos passou informações importantes de como pais e especialistas podem usar a ecolalia a favor da criança, para que haja uma melhor comunicação e interação social.

Alfabetização e ecolalia

As crianças possuem duas formas de comunicar sentimentos e impressões sobre o mundo.

Na primeira, elas observam o mundo à sua volta, fazem relações mentais e auditivas com as histórias que viram e vivenciaram e usam as próprias palavras para expressar o que entenderam.

Na segunda forma, a criança usa palavras e frases prontas, ditas por outras pessoas (próximas ou não) ou personagens de desenhos favoritos, para verbalizar suas próprias impressões de mundo. Essa forma é a mais usada pela criança com TEA.

Além disso, existem dois tipos de ecolalia: a imediata e a atrasada.

Na ecolalia imediata, a criança ouve uma frase e a repete em seguida. Já na ecolalia atrasada a frase ou palavra é ouvida e guardada no cérebro para ser usada em outro momento, seja ele com contexto ou não.

Você deve estar se perguntando: a ecolalia é boa ou ruim? Bem, conforme disse anteriormente, essa característica já foi vista com ressalvas, mas, hoje, os conceitos mudaram. É possível usar a ecolalia para perceber que a criança com autismo deseja se comunicar, só não sabe como fazer isso de maneira assertiva.

Dessa forma, é possível usar repetição de frases e palavras para criar um canal de comunicação com a criança com autismo, melhorando a interação social, uma das grandes barreiras de quem apresenta diagnóstico de TEA.

Como tratar a ecolalia

Especialistas dizem que a melhor forma de lidar com a ecolalia em crianças com autismo é nunca ignorá-la, mas entender que esta é uma forma de expressão.

Outra dica importante é usar palavras e frases para criar contextos. Se a criança com autismo repete muito a palavra “Obrigado”, crie uma situação na qual você possa dizer essa mesma palavra e aproveite para explicar a hora correta de usá-la.

Por exemplo: peça para a criança lhe entregar um objeto, diga “Obrigado” quando ela assim fizer e repita a ação em outras oportunidades. Dessa forma, ela passará a entender que a palavra faz parte de um contexto e que existe um momento certo para aplicá-la.

Uma vez que seu filho tem facilidade para memorizar frases, use essa habilidade a seu favor e ensine a ele palavras importantes e seus momentos certos de uso. “Eu preciso de ajuda”, “Estou com fome”, entre outras expressões que você ache necessárias.

Mostre à criança como usar essas frases/palavras/expressões para que ela consiga se comunicar melhor e aumentar sua interação social.

É essencial que os pais procurem um fonoaudiólogo para acompanhar a ecolalia da criança. Nada melhor do que um especialista em fala para ajudar a desenvolver o processo de comunicação.

E, claro, como professor de Educação Física, recomendo que a criança faça algum tipo de atividade lúdica ou esportiva. Essas práticas também envolvem a comunicação e, certamente, vão ajudar a criança a conhecer novas formas de se expressar.

Espero que este artigo tenha lhe ajudado. Caso haja algum assunto relacionado ao autismo que você tenha dúvidas, por favor, deixe sua sugestão em nossos comentários!

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