Você sabe o que é TEACCH?
Você já ouviu falar em uma forma de aprendizagem para crianças com TEA chamado TEACCH? Se não, leia atentamente este artigo e veja como essa técnica pode ajudar pessoas com autismo.
TEACCH vem das iniciais do inglês Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children, que pode ser traduzido como Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Limitações Relacionadas à Comunicação.
Simplificando, trata-se de um programa psicoeducacional que atende crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), visando principalmente um comportamento independente.
A técnica foi desenvolvida na década de 1960, na Universidade da Carolina do Norte (UNC), nos Estados Unidos, como forma de oferecer uma base educacional apropriada para as crianças com TEA.
Aqui no Brasil existe uma grande especialista no assunto, a psicóloga Maria Elisa Granchi Fonseca. Ela é Mestre em Educação Especial pela UFSCAR e TEACCH Certified Professional (Practitioneer). Apesar da agenda lotada, ela gentilmente reservou um tempinho para conversar conosco.
Entendendo a proposta do TEACCH
Antes de tudo, Dra. Maria Elisa esclarece: “TEACCH é marca registrada de posse da UNC (University of North Carolina), e todos os direitos são reservados. Sendo assim, a UNC é a única autorizada a formar pessoas para atender autistas aplicando as estratégias do TEACCH.”
A especialista explica que o maior objetivo do TEACCH é promover autonomia e independência, melhorando a qualidade de vida dos autistas e das famílias. “TEACCH não é método de alfabetização, nem de fala. É uma reunião de serviços baseada fundamentalmente na Psicologia Comportamental e Psicolinguística”.
E completa: “O TEACCH entende o que o autismo provoca na pessoa e fornece meios comprovados pela ciência para aprimorar a comunicação, comportamentos e habilidades. Empresta de várias teorias os meios para este fim.”
Sabemos que existem diferentes graus de autismo. Eles ditam a intensidade do comprometimento das funções cognitivas, atividades do nosso cérebro relacionadas, como a linguagem, o raciocínio, a memória e a atenção.
Por conta dessas limitações, pais e especialistas que convivem com crianças com TEA precisam utilizar estratégias diferenciadas, como o TEACCH, para orientá-las de maneira mais personalizada e adequada às necessidades delas.
A grande vantagem do TEACCH, conforme contou Dra. Maria Elisa, é que ele pode ser aplicado em qualquer escola do Brasil. Isso porque entende-se que a necessidade é da pessoa, não do lugar onde ela está.
“Previsibilidade, recursos visuais, rotinas, materiais adaptados, estrutura, organização e níveis de ajuda independem do grau de autismo. São necessidades humanas que estão na escola, em casa, na clínica, na aula de ballet, na educação física. Quem vai para a escola é a pessoa e, com ela, o autismo. Sendo assim, onde a pessoa estiver as necessidades a acompanha”, explica.
Como o TEACCH é aplicado?
A palavra-chave do TEACCH é organização. Para aplicá-lo, o ambiente é minuciosamente estruturado para a criança se tornar independente. Ela convive com outros alunos, mas possui sua própria estação de trabalho.
Aproveitando que as crianças com TEA possuem boas habilidades visuais, a descrição das tarefas a serem executadas é totalmente visual. O professor responsável pelo acompanhamento do aluno determina uma série de atividades e as expõe de maneira que a criança entenda facilmente a proposta e a execute sozinha.
Dra. Maria Elisa lembra que, felizmente, a incorporação desses recursos já está bastante comum no Brasil.
“Não se pensa em ‘sala de TEACCH’, mas uma sala de aula com estrutura, materiais que ensinam, agendas de rotina, apoios visuais etc. Fala-se em ‘sala de terapia’ com sistema visual de trabalho, jogos com estrutura. A sala é do profissional, não do TEACCH.”
Quais atividades o TEACCH propõe?
O TEACCH, assim como o esporte e outras tarefas adequadas à criança diagnosticada com TEA, oferece atividades que ajudam a desenvolver a coordenação cognitiva e a coordenação motora.
O site Terapia ABA publicou um vídeo bem bacana explicando como funciona o TEACCH. O vídeo está em inglês, mas você pode ativar nas configurações a legenda em português.
Durante este método estruturado, o professor só interage nas atividades consideradas novas, apenas para dar orientações, mas nas tradicionais a criança deve realizar tudo com autonomia.
Quem pode adotar o TEACCH na rotina?
Diplomada pela UNC, Dra. Maria Elisa Granchi Fonseca viaja pelo mundo participando de eventos e auxiliando profissionais como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e professores a identificarem os recursos que podem fazer com que a criança com autismo aprenda melhor.
Ela conta que existem níveis diferentes de certificação de TEACCH que expiram a cada três anos. Nos últimos quatro anos, a UNC sistematizou a certificação com provas e avaliações, sendo que somente lá se pode obter formação oficial.
Desse modo, pessoas certificadas podem ensinar as estratégias de trabalho com autistas e a aplicação das teorias no dia a dia escolar e clínico, de acordo com a necessidade da criança. Porém, não podem formar pessoas no TEACCH, pois isso é papel exclusivo da UNC.
“No Brasil, estamos com várias pessoas em formação na UNC para abrir mais caminhos aos brasileiros. Estou finalizando mais uma fase e entrando em um outro nível dentro do processo de certificação da UNC”, comemora Dra. Maria Elisa.
“Alguns alunos meus estão iniciando a formação para que possamos seguir com a tarefa de criar uma nova geração de profissionais em nosso país.”
Você já conhecia o TEACCH? Seu filho realiza alguma atividade desse tipo? Compartilhe suas experiências nos comentários!
E caso haja algum assunto relacionado ao autismo que você tenha dúvidas, deixe sua sugestão!
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Marcelo Lobato Soares
12/07/2018 em 22:34olá sou brasileiro e trabalho na APAE na cidade d e Viamão RS , trabalho com psicomotricidade aquática e natação adaptada para crianças deficientes físico e intelectuais e sou graduado em Educação Física e técnico de natação da academia paralímpica brasileira.
Esporte e inclusão
12/06/2020 em 14:34Olá Marcelo, muito obrigado por compartilhar com a gente