Jade Autism: aplicativo estimula o desenvolvimento de crianças com TEA

O uso de aplicativos pode ser uma ótima aliada quando falamos de pessoas com autismo. A tecnologia pode ajudá-las a encontrar formas mais simples de entender e de se comunicar com o mundo.

As diferentes formas e cores que surgem nas telas de computadores, celulares e tablets são poderosos suportes lúdicos para desenvolver o processo do aprendizado, a fala, a concentração e a capacidade sensorial de pessoas com autismo.

Por isso, hoje eu quis apresentar aqui no blog o Jade (Jogo de Associação para Desenvolvimento Educacional), um aplicativo gratuito criado pelo Ronaldo Cohin, que auxilia no processo de alfabetização e no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos com autismo.

Disponível em três idiomas (português, inglês e espanhol), o Jade Autism também pode ser acessado pelo desktop. Basta entrar no portal do projeto e cadastrar login e senha.

Como surgiu o aplicativo Jade Autism?

Ronaldo Cohin é pai do Lucas, de seis anos de idade. O diagnóstico de autismo do filho veio aos dois. Por conta da intensa busca de terapias e bons profissionais, hoje o menino tem uma vida basicamente igual a de qualquer criança de seis anos.

Enquanto Lucas fazia as terapias e era assistido por diferentes profissionais, Ronaldo cursava Ciência da Computação, na Universidade de Vila Velha. Para seu projeto de conclusão de curso, decidiu fazer algo voltado para o autismo.

“Já conhecia alguns jogos e achei vários problemas em muitos destes, inclusive os mais famosos. Além disso, nenhum destes apresentava possibilidade de mensurar o desempenho dos usuários. Então, foquei meu estudo nesta parte, principalmente”, conta.

Todo o ano de 2017 e metade de 2018 foram de pesquisas, desenvolvimento do projeto e validações na APAE de Vitória. Até que veio o lançamento do aplicativo, em julho de 2018.

O criador do aplicativo acredita que a tecnologia é e será o principal suporte terapêutico de muitas áreas nos próximos anos. Capaz de empoderar os profissionais, este recurso oferece importantes dados para uma melhor tomada de decisão, tornando os trabalhos mais otimizados e facilitados.

“Diferentes pesquisas em todo o mundo têm comprovado isso. Muitas pessoas com autismo possuem grande afinidade com computação e tecnologia de uma forma geral. E hoje já existem empresas especializadas em treinar e capacitar esse público para trabalhar nessa área. Um exemplo é a Especialisterne, que possui sede em São Paulo”, comenta Ronaldo. 

Aplicativo Jade usa DTT como metodologia de ensino

Destinado a pessoas de três a 21 anos, o aplicativo Jade é composto por jogos repletos de cores, figuras e desafio. A metodologia utilizada é o Ensino por Tentativas Discretas (DTT na sigla em inglês).

Neste método de ensino, a criança é convidada a desenvolver habilidades primárias em um ambiente controlado e que favorece o aprendizado. As atividades oferecem pequenas instruções e possibilidades de tentativas. Ao jogar, a pessoa é estimulada a dar uma resposta para o desafio proposto.

Durante o uso do aplicativo, é importante que os pais não apenas acompanhem como participem da atividade com os filhos. Ronaldo defende que dessa maneira poderão não só auxiliar como entender as necessidades da criança.

“No app, existe uma parte de resultados, na qual os pais conseguem ter ideia do desenvolvimento do filho, de uma forma simples de acompanhar, mesmo para leigos. Nesta tela, mostramos tempo de jogo e o número de erros e acertos”, explica Cohin.

Emissão de relatórios: o grande diferencial do aplicativo Jade

Mais do que um jogo para entreter as crianças, o aplicativo Jade Autism emite relatórios que ajudam equipes multidisciplinares a acompanharem o desempenho dos jogadores.

Ronaldo explica que diversos profissionais podem fazer uso do app e da plataforma de relatórios, principalmente aqueles que trabalham com estímulo cognitivo, como psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Para acessá-los, o profissional faz um cadastro no menu Portal do site oficial do aplicativo.

Nesses relatórios constam os dados de aspectos da criança que são difíceis de se extrair humanamente, como atenção, impulsividade, flexibilidade mental, motivação, entre outros.

Os relatórios são criados em tempo real, enquanto a criança faz uso do app ou do desktop. Ele se baseia em leitura de dados comportamentais.

Cohin exemplifica: “Conseguimos, em alguns gráficos, ter uma ideia concreta de nível de atenção da criança, que é pré-requisito para aprendizagem. Também saberemos onde está o foco da atenção, pois o dado é dividido entre as categorias. Desta forma, podemos idealizar um caminho bem-sucedido para a terapia, sem necessidade de tentativa e erro.” 

Um futuro promissor para o aplicativo Jade

Ronaldo conta que já foram realizados 70 mil downloads do Jade ao redor do mundo, sendo cerca de 40% deles no Brasil e o restante espalhado pelos quatro cantos do planeta.

“Atualmente o app é trilíngue e, em breve, vamos traduzir para novas línguas, como italiano, francês, chinês e árabe. Recebemos e-mails diariamente de pais do mundo todo com solicitações e sugestões, o que é uma grande alegria para nós”, comemora. “Temos também 50 clínicas pelo Brasil que fazem uso dos relatórios dos pacientes no nosso portal.”

O plano agora é fortalecer a globalização do projeto, atendendo profissionais em vários lugares do mundo, como Emirados Árabes, Inglaterra e Estados Unidos. “O feedback que recebemos é nosso combustível maior para continuarmos o desenvolvimento em prol das famílias e dos profissionais.  Queremos nos tornar a principal ferramenta de auxílio terapêutico cognitivo no mundo”, projeta Cohin.

Por isso, a equipe do Jade iniciou um novo estudo para ampliar as funcionalidades do aplicativo em parceria com pesquisadores na Espanha. “O ano de 2020 trará grandes novidades para a comunidade Jade. Queremos aumentar nosso leque de pessoas impactadas e fornecer informação para famílias e profissionais. Esta é a nossa missão”, finaliza Ronaldo Cohin.

Muito bonita a iniciativa do Ronaldo Cohin, não é verdade? Para conhecer mais sobre o aplicativo Jade Autism, acesse o site oficial.

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Crédito das imagens: Arquivo pessoal (Ronaldo Cohin)